A viola

Se não tivesse recebido esta informação de fontes seguras eu duvidaria. Ou melhor, acho que acreditaria sim. Hoje em dia tudo é possível.
Pense você.
Imagine que você é um músico. Entoou notas a noite toda para uma platéia ávida por um bom som e para colocar o esqueleto para chacoalhar. Após horas a fio sendo aplaudido, ovacionado e, porque não, ouvindo aquele engraçadinho pedir insistentemente “toca Raul!”, você fica no limiar entre a tolerância e a vontade de quebrar sua viola na cabeça do mesmo, pois aquilo não era show de roquenrou, era na verdade um show sertanejo.
Depois de tudo isso você para, pensa, olha pra carteira com algumas onças dispostas lado a lado e chega à belíssima conclusão que aquela noite mereceria ser finalizada com chave de ouro.
Ai munido de desejo incontrolável de se dar bem, pega a viola, bota na sacola e sai rumo ao divertimento. Sai vagando pela cidade. Passa por uma região onde o “divertimento” fica nas esquinas. Mesmo sabendo dos riscos que essa diversão pode trazer resolve parar. Papo vai, papo vem no intuito em chegar num consenso sobre o preço do bilhete para o divertimento, de repente, um vacilo e o que seria o final de uma noite feliz se torna caso de polícia.
Lembrei daquele refrão, daquela música, do Rolando Boldrin: “peguei a viola, botei na sacola e fui viajar…”. Parodiando a canção: “parei a moçoila, ela roubou a viola e eu fui denunciar…”.
Para não dizer que estou mentindo. O boletim de ocorrência na íntegra.

Furto de viola
Às 04h25min, a Polícia Militar compareceu à Rua Joubert de Carvalho, via pública, Centro, onde constatou junto ao solicitante que enquanto conversava com uma garota de programa a mesma valeu-se de um momento de distração e furtou-lhe 01 (uma) viola.